quarta-feira, 9 de junho de 2010

Passagem de Lula pelo RN vira prenúncio da disputa eleitoral

A prefeita Micarla e a senadora Rosalba Ciarlini, ambas oposicionistas, enfrentaram a animosidade de parte do público que foi ver o presidente.

Em sua 13ª visita ao Rio Grande do Norte, em quase oito anos de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou obras, anunciou investimentos e assinou os decretos do edital de licitação do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e da criação das ZPE’s (Zonas de Processamento de Exportações) de Macaíba e do Vale do Açu.

Mas, apesar do clima festivo, a passagem de Lula pela capital potiguar terminou servindo de prenúncio para a disputa eleitoral de outubro. O clima tenso permeou os discursos das autoridades políticas durante as cerimônias no bairro do Pajuçara (zona norte) e no Centro de Convenções, graças à animosidade entre grupos ligados ao governo e à oposição.
Na inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Pajuçara, pela manhã, a prefeita de Natal Micarla de Sousa (PV) e a senadora Rosalba Ciarlini (DEM), ambas adversárias dos governos estadual e federal, foram recebidas entre vaias e aplausos pelo público que lotou o lugar.

Micarla tentou contornar o clima hostil dizendo que administra a cidade “para quem votou e para quem não votou” nela. Na tentativa de esvaziar as manifestações contrárias das claques do PT e do PSB, a prefeita se disse grata ao presidente pela “parceria real” entre o município e o governo federal.
“Neste momento, não existem partidos políticos. Eu, o governador Iberê e o presidente Lula estamos unidos pelo bem do povo de Natal”, enfatizou a pevista.

O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) discursou após a prefeita e, além de destacar a importância da inauguração da UPA, insistiu no discurso da necessidade de superar as “diferenças políticas” em favor da população.

Iberê, porém, mandou um recado aos adversários com quem dividia o palanque. “É bom ser parceiro e aliado do presidente Lula. Esse esforço está trazendo resultados para o Rio Grande do Norte”, disse, numa clara provocação a Rosalba Ciarlini e ao presidente da Assembleia Legislativa, Robinson Faria (PMN), cabeças da chapa oposicionista que vai disputar a sucessão potiguar.


Mais tarde, em discurso no Centro de Convenções, Iberê exaltou as ações do governo federal no Rio Grande do Norte e voltou a provocar os rivais.

“Alguns insistem em dizer que [o que o presidente fez pelo RN] foi pouco. É fácil ser aliado quando convém, mas nós somos aliados sempre, nas horas boas e difíceis. Desde o início somos aliados no Rio Grande do Norte, mas também em Brasília, diferente dos que são aliados aqui, mas em Brasília têm posição diferente”, declarou, arrancando aplausos da platéia.

O presidente Lula aproveitou os dois eventos para dizer que o Brasil “nunca viveu um momento tão excepcional”, fez um balanço das realizações do seu governo em Natal e no Estado e desafiou os adversários a provarem que investiram mais que ele no RN.

Lula classificou o aeroporto de São Gonçalo do Amarante e as ZPE’s de Macaíba e do Vale do Açu como “o início de um novo tempo na história do Rio Grande do Norte”, porque “vai criar novas indústrias e gerar milhares de empregos” em solo potiguar.


O presidente disse que as regiões mais desenvolvidas do país não queriam que o Norte e o Nordeste “tivessem a chance de se desenvolver”. Ele observou que “não podemos aceitar que o Brasil seja dividido em regiões que podem tudo e outras que não podem nada”.

“As estatísticas do IBGE mostravam que todos os investimentos iam para uma banda do Brasil, enquanto o Norte e o Nordeste só eram lembrados pela mortalidade infantil, analfabetismo e pobreza. Não queremos tirar nada de ninguém, mas só dizer que os povos do Norte e do Nordeste são brasileiros e têm os mesmos direitos do povo do Sul e Sudeste. Queremos que negros, índios e quilombolas sejam tratados como cidadãos, como os loiros de olhos azuis, para que todos tenham oportunidade de trabalhar, comer e ter acesso à cultura”, pregou, em tom entusiasmado.


Numa referência ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula conclamou os adversários a fazerem a comparação entre o presente e o passado do país.

“Os adversários deveriam comparar. Quando nos criticarem, eles têm que dizer o que fizeram. Eles vão ter que entender que governar este país é olhar também para a parte pobre. Os grandes empresários e as grandes empresas nunca ganharam tanto dinheiro quanto no meu governo, mas o pobre também ganhou. Fico com orgulho de saber que um torneiro mecânico ganhou eleições e, em sete anos, foi o que mais construiu universidades e colocou alunos nas escolas”, gabou-se.


Lula admitiu que “ainda há muito o que fazer”, mas disse ter “consciência que, em oito anos, fizemos pelo país o que nossos adversários não fizeram em 30 anos”.

“Falem o que quiserem falar, mas quando o povo está sentindo a comida na barriga e o dinheiro no bolso, pode vir qualquer notícia ruim. O povo brasileiro está vivendo um pouco melhor”, comemorou.

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